segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Reflexão: Silêncio e ação


 
 
O Deus no qual acredito não carece de oratória, mas de ações, exemplos e de testemunhos pessoais. Citar salmos, capítulos e versículos, elaborar orações bonitas, impressionar os incautos ao declamá-los de cor, tudo isso é fácil: certamente, os fariseus foram mestres, como o são políticos, professores, religiosos, filósofos e tantos outros, de todas as cepas e épocas, que se utilizaram do verbo perfeita e inescrupulosamente.

Devemos ser capazes de doar, de dar as mãos, de proferir palavras que fluam de nossa alma com sincera afeição. Se o fizermos extemporaneamente, soarão falsas; se fora dos contextos, serão obscuras, incompreensíveis e induzirão a erros e mal-entendidos. É a sabedoria que edifica.

O Deus no qual acredito inspira-me à prática do amor, da caridade, da benevolência; inspira-me à paciência, à resignação racional, à perseverança; inspira-me à fé inteligente, à lealdade e à afeição; inspira-me o respeito à vida, à natureza e ao outro... Inspira-me à desconstrução das armadilhas verbais e à coragem de não aceitar belos discursos quando, subjacentes às palavras, afloram interesses escusos escondidos sob máscaras angelicais.

Devemos ser capazes de realizar, de soltar as mãos e caminhar livres, juntos, de ouvir e compreender o que envolve nossa alma com sincera afeição. Se em certas circunstâncias isso não nos parecer fácil, que possamos cerrar os olhos e, na quietude, ir além das aparências e perscrutar os sentimentos mais íntimos. É o esforço que constrói.

O Deus no qual acredito não tem aparência, aroma, cor, textura, gosto, peso, sexo!, mas possui em Si todas as formas... É silencioso, sem o ser. Não fala, inspira – o modo pleno e inequívoco de comunicação. Não carece de oratória, mas de exemplos vividos – única forma de enaltecê-Lo, honrá-Lo e dignificá-Lo...
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domingo, 29 de dezembro de 2013

Reflexão: Tombos e recomeços


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Segue em frente. Não deixes de dar o próximo passo, nem relutes: alcançarás o objetivo, se o houveres estabelecido. O amanhecer desperta-nos para a vida lúcida; o anoitecer acalanta e tu descansas para continuar.
Espera o amanhã sempre amigo e sorri, porque sempre haverá um despertar.
 
Segue em frente, sempre, não recues nem olhes para trás - ainda que devas contornar e recontornar abismos, subir escarpas, descer penhascos uma, duas, cem vezes: assim fazem os vencedores.
 
Não deixes de caminhar porque te sentes cansado; anima-te, vamos!; daqui a pouco terás cumprido mais uma etapa que te conduzirá à porta dos sonhos.
Lembra-te, o tempo não recua e não dá uma segunda chance. Abra-a sem medo.
O amanhecer iluminado desperta; o anoitecer, que nos envolve na penumbra, acalma. Sê a vida num e noutro momento: serás a chama companheira que clareia o depois!
 
Segue em frente, sempre. Acolhe os espinhos, afague os momentos de esperança: o primeiro pode ferir, o outro estanca e alivia a dor.
O amanhã será o teu tesouro. E esperá-lo é viver com intensidade a noite que extasia e fortalece. Sê o amigo! E se o porvir demorar, delicia-te com o descanso.
 
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Segue confiante. Não deixes de dar o próximo passo.
Sê forte, porque as vicissitudes, razões das lutas, são o tempo necessário à reflexão - e não há reação na paz...
 
Busca a felicidade sempre e não dê tempo ao rancor de se instalar e de inebriar-te com prazeres efêmeros e fantasias que podem esvaecê-la... Serás feliz.
Não com os desencantos ou com o vangloriar das lutas em si - às vezes parecem não fazer sentido e não nos levar a lugar algum - mas pelo que terás aprendido ao cavalgar com desenvoltura no silêncio das noites quando, adormecido, descansavas  dos tombos e recomeços...

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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Literatura: Segredo das nossas Histórias



Nota Preliminar
Trecho do livro Relembranças (título provisório) a ser publicado.



Segredos no fundo do mar
 



A luz do lampião divisava foscamente o rosto do meu pai...

" - Essa noite sagrada que lembra o “nascimento-de-Nosso-Senhor-Jesus-Cristo”, como ele dizia num só fôlego.
 
Treze anos!
Havia voltado mais cedo da roça. Tomara rapidamente um banho, comera alguma coisa e, calado como entrara, fui me deitar. Ainda não eram nove da noite. A casa em silêncio. Não conseguia dormir.
A luz do lampião divisava foscamente o rosto semicoberto do meu pai – um hábito antigo. Sua respiração compassada, o calor abrasador e os pensamentos confusos e rebeldes: sentia saudades da minha mãe, lembrava-me de Zezinho , de Anita.
O sino da igreja ao longe batera doze badaladas. Meus olhos se umedeceram ante o convite insistente... - “Vem, vem, vem...”
Levantei-me devagar, abri a porta da sala e saí. Ainda ouvi papai falar alguma coisa; ignorei-os e corri. Corri.







... o céu cintilante e a estrada deserta e escura...

A missa já havia sido celebrada. Entrei na igreja e sentei-me num dos bancos compridos. Ajoelhei-me e tentei lembrar da oração que me fora ensinada; tenso, só conseguia relembrar o sentido e as palavras iniciais. Esforcei-me, soletrando todo o abecedário. Desisti.
- Merda...
Permaneci por alguns instantes assim, com as mãos cobrindo o rosto. Suava. Ergui os olhos e procurei fixar as imagens que se escondiam na penumbra. Sorri sem o entender o porquê e saí va-ga-ro-sa-men-te. Do lado de fora, o céu cintilava e a estrada deserta e escura iluminada pelo reflexo do sol do outro lado do mundo.
- “Do outro lado do mundo fica o Japão...”, orgulhava-se de poder me revelar esses segredos guardados.
Algumas pessoas conversavam na praça. Acenaram-me. Retribui-lhes. Voltei à casa correndo e entrei enfurecido com o nada.
- “Já chegou?”
Continuei em silêncio.
- “Tem uma lembrança pra você...”
Mordi os lábios e comecei a chorar baixinho, pressionando o rosto contra o travesseiro para que papai não nos percebesse. Silêncio.
Ouvia o barulho do riacho que seguia indiferente em direção ao mar - outro segredo que me revelara certa vez: o destino dos riachos. Ouvia o silêncio.
- Não quero saber de porra nenhuma – murmurei entre os dentes para não ser ouvido.
Ao longe, fogos pipocavam, bem longe, cada vez mais longe... Devo ter adormecido.
Acordei de madrugada com o cantar estridente dos galos no quintal. O sucedido à noite voltou-me à memória. Senti vergonha e continuei com o rosto encoberto – às vezes, também tinha esse hábito. Fiquei assim não sei por quanto tempo. Voltei a adormecer e quando acordei meu pai já não estava no quarto. Talvez, pensei, tenha ido ao povoado. Relutante, fui até a sala e vi o pacote colocado sobre a velha cristaleira. Peguei-o tímido, examinei-o durante algum tempo e o abri devagar. Funguei e passei a mão no nariz, num gesto supremo para eliminar qualquer vestígio das lágrimas que desciam mansas... Guardei o presente na cômoda, sem desembrulhá-lo totalmente.



O riacho, o meu riacho agora, convidava-me para brincar.
O bule azul sobre o fogão de lenha conservara o café quente. Tomei um gole, deixei a caneca sobre a mesa e saí pela porta dos fundos, amarrando-a num prego estrategicamente fincado no portal. O dia estava bonito: o céu sem nuvens e uma aragem fresca incomum naquela época do ano balançava com suavidade os galhos da mangueira, cujas folhas, uma ou outra, voltavam a sujar o quintal varrido cedinho – como era o seu hábito.
O riacho, o meu riacho agora, convidava-me para brincar.
Corri, despi-me e mergulhei.
Fiquei assim durante algum tempo, não sei precisar. Nadava de um lado para o outro, buscava pedras na parte mais funda, tentando bater os meus próprios recordes. Pássaros voavam em todas as direções numa tremenda algazarra, fazendo-me companhia.
Quando voltei à casa percebi, ainda de longe, que a porta da cozinha estava entreaberta. Não a deixara assim. Apressei os passos e entrei. Antes que papai falasse qualquer coisa – a timidez imprimia-lhe sabedoria! –, corri em sua direção e o abracei. Pensei em agradecer, mas a voz não saiu. Abraçamo-nos forte e ficamos assim. O riacho seguia o seu rumo, os pássaros revoavam, o vento tocava-nos os rostos... Depois de algum tempo, segurou meus braços e afastou-me com delicada firmeza. Olhou-me nos olhos e disse, convidativo:
- “Vamos pescar?”






... não sei sequer se voltei inteiro e ou se parte de mim ficou por lá...

Desde que mamãe se fora, aquela seria a primeira vez que pescaríamos juntos: preparamos as iscas com fubá e o bornal com o farnel, pegamos os caniços e saímos os dois, descendo rio abaixo, pulando pedras.
Não me lembro quanto peixes pescamos - se pescamos; não sei exatamente o tempo que ficamos procurando o melhor lugar, não sei a que horas retornamos – sequer sei se voltei inteiro ou se parte de mim ficou por lá...
Recordo-me com saudades desse dia e da camisa listrada de azul e branco - presentes que ainda guardo com carinho nos escaninhos da memória que o tempo não desfaz. Voltei muitas e muitas vezes àquele riacho - ao nosso riacho! -, pulei sobre as mesmas pedras; hoje, algumas dezenas de anos depois, penso que muitos dos nossos segredos podem estar guardados no fundo do mar...  
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Reflexão: Quem não se lembra?

... esperávamos pela chegada de Papai Noel...

Lembro-me com clareza da véspera dos Natais quando, ansiosos, esperávamos pela chegada de Papai Noel: sapatos e chinelos velhos – alguns sujos, por falta de tempo para limpá-los – eram colocados atrás das portas ou nas janelas na expectativa de que no dia seguinte – cuja chegada demorava uma eternidade – encontrássemos lá uma bola, uma boneca, um chinelo, um carrinho de madeira, um short...
Quem não se recorda das vésperas dos aniversários, das viagens de férias, dos passeios com os amigos, só com eles? Da proximidade do dia da formatura, do nascimento do primeiro, do terceiro, do quinto filho? Do primeiro afilhado? Quem não se recorda do primeiro beijo, da primeira namorada – não necessariamente inesquecíveis! – e do primeiro e único amor? Das Copas do Mundo, das festas de confraternização? Quem não se lembra do dia em que dirigimos sozinhos o primeiro carro e da primeira (e única) bicicleta? Do receio de ser apresentado ao primeiro chefe, da ansiedade ante a promessa da primeira promoção?
Quem não se lembra da alegria de receber uma carta do amigo distante, do telefonema de alguém especial que nos pegaram de surpresa e nos tiraram do sério – positivamente falando – quando estávamos, por qualquer razão, tristes, chateados? Quem não se recorda daquela música que marcou um encontro ou um desencontro e se tornou inesquecível? Quem não se lembra do primeiro livro? Quem não se lembra daquele carnaval em que demos gargalhadas de piadas sem graça, brigamos porque estávamos sendo roubados no jogo e ninguém nos deixou dormir – e que tudo tenha se transformado no centro das nossas conversas e nas razões para nos reencontrarmos e simplesmente estarmos juntos de novo? Quem não se lembra daquela viagem em que o carro quebrou, o dinheiro acabou, o frio era cortante, a distância era grande e que tivemos que andar a pé, em que amaldiçoamos o autor da ideia e que, depois, prometemos fazer tudo de novo?

... a distância era grande e que tivemos que andar a pé ...


Quem não se lembra daquela festa para a qual não possuíamos roupa e os amigos, sempre voluntários, conseguiram juntar peças de um e do outro e, num passe de mágica, transformaram-nos num príncipe simplesmente porque nos queriam por perto?
Quem não se lembra do primeiro porre – aquele mesmo, de vinho de garrafão? Quem não se lembra da primeira palavra do filho, ou do sobrinho, ou do irmãozinho? Quem não se lembra daquele amigo especial que um dia, meio assim, meio assado, disse-nos com sinceridade que éramos o seu melhor amigo? E quem não se lembra de ter ouvido um dia, ainda que baixinho e na distância do tempo, eu te amo...
Quem não se lembra de ter sido elogiado por um trabalho bem feito? Quem não se recorda de ter perdido a hora e acordado cedo demais para trabalhar ou ir para a escola e se dar conta – em meio às gozações dos entes queridos – que era domingo? Quem não se lembra de ter encontrado cinco reais dentro de um livro velho quando só precisávamos de dois? Quem não se lembra de se ter esquecido do aniversário da esposa, do esposo, do amigo e, no dia seguinte receber uma bronca daquelas? E de ter ficado chateado, puto da vida, mas compreender que tudo já tinha passado e que, no fundo, queriam apenas estar perto de nós e nos dizer que éramos importantes?
Quem não se lembra de um apelido horrível que os amigos insistiam em nos chamar, e bem alto, no meio da rua, só para nos aporrinhar?  E quem não se lembra, também, de ter apelidado um menino orelhudo, ou barrigudo, ou baixinho, ou gordinho, só para encher o saco dele?  Quem não se lembra das promessas dos finais de ano de que deixáramos de fumar, de beber, de comer demais, que estudaríamos mais, que, enfim, começaríamos a caminhar como o médico recomendara a e a esposa fazia questão de lembrar a todo o instante? Quem não se lembra daquele presente barato que ainda o guardamos na cabeceira como o mais precioso do mundo? Quem não se lembra de um “muito obrigado”, de um “tenha um bom dia”, de um “feliz aniversário!”, de um “não tenha medo!”? Quem não se lembra?...
... da capacidade de compreender gestos e olhares imperceptíveis...  

Quando tento compreender o porquê de as pessoas não se sentirem motivadas para a vida – trabalho, família, escola –, fico pensando nessas coisas. A motivação está em nós, em cada gesto, em cada atitude, em cada degrau que ascendemos na escala de valores da vida. Temos motivos suficientes para seguir em frente, entusiasmados, vibrantes, fervorosos, convictos de que podemos superar os desafios e transformá-los, daqui a pouco, em doces lembranças e afáveis companhias na véspera de cada dia em que decidirmos nos transformar, um pouquinho de cada vez – que seja! – na pessoa mais feliz do mundo.
Quem não se lembra de encontros, de reencontros, de desencontros?
Quem não se lembra da alegria íntima de um dia ter voltado atrás e, sem vergonha de fazê-lo, ter pedido perdão à pessoa amada, ao amigo querido? Quem não se lembra de, também, ter pensado em voltar atrás e de não tê-lo feito e, depois, não mais reencontrar a oportunidade de reescrever parte da sua própria história? Quem não se lembra de ter-se esquecido de colocar os sapatos atrás da porta e, ainda assim, encontrar no dia seguinte o brinquedo desejado? Quem não se lembra de também tê-lo feito e, depois, descobrir que não fora ainda daquela vez, mas, não desistimos e voltamos a ter esperanças...
A decisão de buscar motivos para seguir em frente é pessoal e intransferível.  As boas lembranças decorrem de como moldamos cada instante, da forma como os construímos, da solidez dos degraus que nos conduzem para cima, da capacidade de compreender gestos e olhares imperceptíveis, da simplicidade de reescrever a própria história...

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Reflexão: Observa

Observa a natureza e percebe o quanto a verdadeira escola é singela e clara: cada coisa, cada parte que a compõe contém em si exemplos que ao homem se aplicam em toda a sua plenitude. Quando ele puder, ou desejar, entendê-los e deles extrair as lições necessárias à experiência e à espiritualidade, certamente se sentirá mais feliz e, em vez de aprendiz, terá aprendido a servir. Observa...

Dos riachos, poderás compreender a coexistência das águas que correm céleres e das pedras adormecidas; das flores, a sutileza de serem belas e fatais, de serem frágeis e acolherem espinhos, de necessitarem de luz e crescerem em pântanos! E ao redor, perceberás a concomitância do começo e fim da tarde, do amanhecer e do dia... E imaginarás formas definidas do ar, da luz, dos sonhos, em regra inacessíveis e abstratas.


... e necessitarem de luz e crescerem em pântanos!
Do tempo que segue adiante e não se cansa e continua por si mesmo, poderás depreender que a proficuidade é eterna; da chuva que cai para servir à terra e retornar logo depois e, assim, recomeçar o ciclo, pode-se inferir a interpendência e interação de tudo que existe. Abrindo lentamente o leque do que cerca o ser, percebendo e refletindo sobre cada uma das coisas e dos fatos concretos e subliminares, poderás identificar-te num momento e, então, compreender sem medo o quanto podes crescer e te harmonizar, integrando-te em definitivo ao Universo do qual - acredita! - fazes parte.

Observa a natureza: em vez de ansiar a felicidade dum instante, aprenderás a eternizá-la, construindo-a gradualmente, assentando com mãos firmes as concepções e ideais que sedimentarão a estrada que planeias e pela qual caminharás um dia, não como aluno, mas como o mestre.

Crédito da imagem
http://wikitravel.org/pt/Parque_Nacional_dos_Everglades - Acesso em 15/10/2013.

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Literatura: Carta a Lívia

 
Rio, num dia qualquer do outono...


Querida Lívia,
 
Hoje pela manhã, tão logo acordei, recebi, surpreso, uma carta do nosso bom e saudoso amigo Francisco. Lá de tão longe e na sua singular e natural simplicidade, pediu-me que despertasse dentro de mim três palavras atualmente tão esquecidas: plantação, colheita e serviço.
 
A primeira - como ele disse -, para compreender que somente através do trabalho se é capaz de avaliar o valor e o sentido da vida; a segunda, para perceber a razão da paciência e da espera e, finalmente, a terceira para entender que a alegria consiste, também, e principalmente, no se dar ao próximo.
 
Peço-lhe, minha cara, que reflita sobre isso e, no seu modo especial de ser, acorde-as também, plantando a boa vontade e colhendo as alegrias do prazer de servir.
 
Com a amizade de sempre,
 
Seu pai.
 
Nota: texto original escrito em 1990, parte integrante do livro Relembranças (Antologia), do autor, elaborado na época da Faculdade de Letras (Professora Carmem Lúcia, Técnicas de Redação), ainda não publicado. Modelo inspirado no livro Correspondência, de Bartolomeu Campos de Queirós.
 
Crédito da imagem